Sociologia

Na discussão sobre políticas públicas, o tema da pesquisa espacial pode entrar dentro da pergunta mais ampla “como se dá a política de desenvolvimento científico?” Explorar a partir daí quais são as áreas que merecem receber investimento em pesquisa, e por qual razão? Será que a pesquisa precisa necessariamente ter uma aplicação tecnológica imediata? Qual o papel da ciência de base? Mesmo dentro de um contexto de desenvolvimento tecnológico e soberania, temos investido na exploração espacial? E será que devemos investir?

Acompanhando os acontecimentos políticos em nosso país relacionados ao tema vale discutir o fato de que o Brasil necessita alugar satélites de outros países, mas a posição geográfica próxima da linha da Linha do Equador é um privilégio que facilita lançamentos ao economizar combustível, sendo a base de Alcântara de grande importância geopolítica. Quais foram as estratégias para a base nos últimos anos? Como podemos interpretar as parcerias feitas recentemente com outros países para uso e desenvolvimento da base?

O monitoramento de queimadas e do desmatamento, feito pelo INPE, atravessou períodos turbulentos, já que se introduzia em meio à um confronto de interesses que permeava a política. A escolha de Marcos Pontes em 2019, o primeiro astronauta brasileiro, para ser o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, foi uma escolha política ou técnica? Diversos episódios recentes do país e do mundo merecem a discussão sobre como o investimento em tecnologia espacial pode ser um elemento de soft e hard power.

Podem ser discutidas também questões sobre como a sociedade se relaciona com nosso planeta. No futuro, com a continuação da degradação e destruição ambiental ao ponto de prejudicar ou mesmo inviabilizar a habitabilidade, iremos decidir entre recuperar o planeta que temos ou colonizar um novo? Tal questão envolve cidadania a e discussão de financiamento das políticas públicas: quem estará disposto a pagar pela recuperação da Terra? Seria o momento de colocar as pessoas para dialogarem e exercerem sua cidadania? Qual peso a comunidade científica teria nesse processo? Ambientes inóspitos como a Antártida, o fundo dos oceanos, o interior dos vulcões, precisam de regulações específicas quanto à posse, intervenção ou exploração?

Finalmente em nossa lista não exaustiva de ideias, é também interessante discutir regulação e direito aeroespacial. Quem são os responsáveis pelo lixo espacial? Num contexto de viagens espaciais feitos não apenas por governos mas também por empresas privadas, os que conseguem chegar ao espaço podem fazer o que bem entenderem? Deve haver regulação? Feita por quem?